FILOSOFIA - O QUE É ISSO?

Introdução à Filosofia: Um Caminho para Pensar Melhor

A filosofia é uma forma diferente de pensar, comparada à ciência e à matemática. Enquanto a ciência usa experimentos e a matemática trabalha com fórmulas, a filosofia não tem testes nem cálculos. Ela se baseia no poder da reflexão, da dúvida e do debate. O objetivo é entender, questionar e discutir para chegar a respostas mais profundas sobre o mundo e a vida.

O Desafio de Definir Conceitos

Quando tentamos entender algo, muitas vezes nos deparamos com dificuldades para dar uma definição exata. Por exemplo, conceitos como "justiça" ou "beleza" podem ser difíceis de definir com precisão. Platão, um filósofo muito famoso, já dizia que é muito complicado tentar definir esses conceitos de forma simples. A filosofia lida com isso de uma maneira diferente das ciências e da matemática, onde as definições são mais diretas.

Para ajudar a entender essas definições complicadas, a filosofia usa a ideia de condições necessárias e condições suficientes. Vamos ver o que isso significa com exemplos claros:

  • Condição necessária: Algo que precisa estar presente para que outra coisa exista. Por exemplo, ter asas é uma condição necessária para ser um pássaro. Se um animal não tem asas, não é um pássaro.

  • Condição suficiente: Algo que pode garantir que uma coisa seja verdadeira, mas que não é a única maneira de ser. Por exemplo, ter 10 valores na escola pode ser suficiente para passar de ano, mas não é a única maneira de conseguir isso, pois é possível passar de outras formas também.

Mesmo que não possamos definir tudo com exatidão, sabemos reconhecer o que é o que. Por exemplo, não conseguimos definir filosofia perfeitamente, mas sabemos quando alguém está filosofando ou não.

A Filosofia na Escola

Na escola, a filosofia pode parecer confusa às vezes. Algumas pessoas podem achar que a filosofia é parecida com pregação religiosa, mas na realidade, ela é bem diferente. A filosofia na sua essência é sobre pensar de maneira crítica, analisar problemas e questionar ideias. Não se trata de ensinar "verdades" prontas, mas de incentivar a reflexão e a argumentação clara.

Quatro Questões Importantes da Filosofia

Os filósofos, ao longo da história, têm se dedicado a pensar e debater algumas questões muito profundas sobre a vida e o mundo. Aqui estão quatro desses problemas que ajudam a entender o que é a filosofia de forma prática:

  1. Mente e Corpo: Qual é a relação entre o que pensamos e o que sentimos? A mente é apenas o cérebro, ou será que há algo mais além disso? Esse é um dos maiores mistérios que a filosofia tenta resolver.

  2. O Bem: Quando dizemos que algo é "errado" ou "não deveria ter acontecido", estamos falando de um fato real ou é apenas a nossa opinião? A filosofia tenta entender o que é o "bem" e o "mal", e se essas coisas são absolutas ou dependem do ponto de vista de cada um.

  3. Ceticismo: Podemos saber algo com certeza absoluta? Será que podemos confiar nas coisas que acreditamos, como a existência de outras pessoas ou até do mundo ao nosso redor? O ceticismo é uma parte importante da filosofia que questiona se podemos ter certezas sobre o que pensamos.

  4. Linguagem: Como as palavras podem se referir a coisas que nunca vimos ou que nem existem? Por exemplo, quando falamos de "ouro", como sabemos se estamos falando de todo o ouro que existe no mundo, e não só de um pedaço dele? A filosofia também se preocupa com a maneira como usamos as palavras e como elas nos ajudam a entender o mundo.

Concluindo alguma coisa

Essas questões são apenas alguns exemplos dos tipos de problemas que os filósofos tentam entender. A filosofia não oferece respostas fáceis, mas ajuda a gente a pensar de forma mais clara e profunda sobre o mundo em que vivemos. Ela nos ensina a questionar, a refletir e a entender melhor nossas próprias ideias, ajudando a formar uma visão mais completa da realidade. Filosofar é, portanto, um exercício constante de aprender a pensar de maneira mais cuidadosa e precisa.

Um Pouco de História: A Filosofia ao Longo do Tempo

A filosofia é uma busca pelo entendimento profundo do mundo e da nossa existência. Começou com perguntas simples, mas com o tempo se aprofundou em questões fundamentais sobre a vida, a natureza e a mente humana. Vamos aprender de maneira clara e didática sobre a história da filosofia e seus marcos mais importantes.

O Início da Filosofia: A Filosofia Antiga

A Filosofia Antiga começou na Grécia, por volta do século VII a.C., quando os gregos começaram a questionar explicações baseadas em mitos e deuses, buscando respostas mais racionais. A palavra filosofia vem do grego e significa “amor ao saber”, ou seja, a busca pela sabedoria. No início, a filosofia estava conectada com religião e mitologia, mas depois passou a se afastar desses conceitos e focou na razão.

Os Principais Períodos da Filosofia

A filosofia evoluiu ao longo de diferentes períodos. Vamos ver os quatro principais:

  1. Filosofia Antiga: Começou na Grécia, com filósofos tentando entender o mundo e suas origens de forma racional.

  2. Filosofia Medieval: Aconteceu na Idade Média, com grande influência da religião e focada em compreender Deus e o universo.

  3. Filosofia Moderna: Surgiu nos séculos XVII e XVIII, marcada pela revolução científica e novos conceitos sobre razão e conhecimento.

  4. Filosofia Contemporânea: Filosofia mais recente, que lida com temas como liberdade, moralidade, política e identidade.

Filosofia Grega: O Berço do Pensamento Filosófico

A Filosofia Grega é a base do pensamento filosófico ocidental. Ela pode ser dividida em três períodos principais:

  1. Período Pré-socrático (séculos VII a V a.C.): Nesse período, os filósofos buscavam compreender o mundo ao seu redor de maneira racional. Tales de Mileto (c. 624–546 a.C.) acreditava que a água era a base de tudo.

  2. Período Socrático (séculos V a IV a.C.): Esse período é marcado pela figura de Sócrates (469–399 a.C.), que procurava entender o ser humano, o conhecimento e a ética. Ele também inspirou seus discípulos Platão (427–347 a.C.) e Aristóteles (384–322 a.C.), que desenvolveram suas ideias e criaram importantes obras sobre lógica, política, ética e ciência.

  3. Período Helenístico (séculos IV a.C. a VI d.C.): Após a morte de Alexandre, o Grande, filósofos começaram a focar mais na busca pela felicidade e pelas virtudes. Surgiram escolas filosóficas como o Epicurismo e o Estoicismo.

Principais Escolas Filosóficas da Filosofia Antiga

  1. Escola Jônica: Fundada na cidade de Mileto, essa escola buscava compreender a natureza. Tales de Mileto (c. 624–546 a.C.), Anaximandro (610–546 a.C.) e Anaxímenes (588–524 a.C.) foram alguns dos filósofos importantes dessa escola.

  2. Escola Itálica: Localizada no sul da Itália, essa escola foi marcada por filósofos como Parmênides (c. 515–450 a.C.), Zenão (c. 490–430 a.C.) e Empédocles (c. 490–430 a.C.), que discutiam temas como o ser e a lógica.

Principais Filósofos da Antiguidade

Conheça alguns dos filósofos mais importantes da Antiguidade e suas ideias principais:

  • Tales de Mileto (c. 624–546 a.C.): Considerado o "Pai da Filosofia", acreditava que a água era o princípio de tudo.

  • Anaximandro (610–546 a.C.): Discípulo de Tales, procurava entender o princípio primordial do universo, chamado de "ápeiron", o infinito.

  • Pitágoras de Samos (c. 570–495 a.C.): Acreditava que os números eram a essência de tudo e é famoso pelo seu teorema matemático.

  • Heráclito de Éfeso (c. 535–475 a.C.): Defendia que tudo está em constante mudança e via o fogo como o elemento fundamental da natureza.

  • Parmênides (c. 515–450 a.C.): Focava no conceito do ser, dizendo que "o ser é e o não-ser não é", acreditando que o ser é eterno e imutável.

  • Sócrates (469–399 a.C.): Filósofo que acreditava no autoconhecimento e usava o método dialético de perguntas e respostas. Seu lema era "conhece-te a ti mesmo".

  • Platão (427–347 a.C.): Discípulo de Sócrates, desenvolveu a "Teoria das Ideias", que dizia que o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita do mundo das ideias.

  • Aristóteles (384–322 a.C.): Estudioso de Sócrates e Platão, ele fez grandes contribuições para a lógica, ética, ciências e filosofia política, especialmente no campo da metafísica.

  • Epicuro (341–270 a.C.): Fundador do Epicurismo, acreditava que a felicidade é atingida através do prazer equilibrado e racional, sem excessos.

  • Zenão de Cítio (c. 336–263 a.C.): Fundador do Estoicismo, acreditava que a compreensão racional da realidade era o caminho para a felicidade.

  • Diógenes (c. 413–327 a.C.): Filósofo cínico que vivia de maneira simples, sem preocupações materiais, buscando o autoconhecimento como forma de sabedoria.

Concluindo mais alguma coisa...


A filosofia é uma jornada de questionamento, reflexão e busca pela sabedoria. Através de suas diferentes fases e escolas de pensamento, ela tenta entender o mundo, a natureza humana e a realidade. Cada filósofo contribuiu com suas próprias ideias, mas todos compartilham o desejo de alcançar um entendimento mais profundo sobre a vida e o universo. Estudar filosofia nos ensina a pensar de maneira crítica e a compreender melhor o mundo em que vivemos, tornando-nos mais sábios e conscientes de nossa própria existência.


E daí, como estudar estas coisas?

Estudar filosofia não é como estudar história ou física, onde você aprende sobre fatos e descobertas que já foram feitos. Filosofia é mais sobre explorar perguntas complexas, muitas das quais não têm respostas definitivas. O que é livre-arbítrio? O que faz algo ser arte? As respostas para essas questões variam, e ninguém tem certeza absoluta. O importante, ao estudar filosofia, é desenvolver a habilidade de questionar, pensar de forma crítica e discutir essas ideias.

Para entender filosofia de forma eficaz, você precisa ser capaz de discutir e avaliar as ideias que encontra. Isso envolve aprender a pensar logicamente.

Filosofia e Lógica: A Arte de Não Falar Bobagem

Filosofia exige raciocínio claro. Não basta apenas ler o que os filósofos disseram e achar que já entendeu tudo. A verdadeira compreensão vem da discussão e avaliação das ideias. E para isso, você precisa de lógica.

Lógica?

Lógica é a ferramenta que usamos para construir bons argumentos. Quando você faz um argumento, está tentando mostrar que uma ideia é válida usando outras ideias para sustentá-la. Uma boa argumentação não apenas apresenta opiniões, mas justifica essas opiniões com boas razões.

Vamos olhar dois exemplos simples:

  1. Exemplo 1: "Ana foi ao cinema porque, se tivesse ido à praia, teria levado a toalha."
    Aqui, a conclusão é que Ana foi ao cinema. A premissa é que, se ela tivesse ido à praia, teria levado a toalha.

  2. Exemplo 2: "Só as intenções contam para o valor moral da ação. Logo, as consequências dos nossos atos não importam."
    A conclusão aqui é que as consequências não importam, enquanto a premissa é que as intenções são o critério moral.

Em ambos os casos, a conclusão depende das premissas. Se as premissas estiverem erradas ou não fizerem sentido, a conclusão também estará incorreta.

Proposições e Argumentos

  • Proposição: É uma afirmação que pode ser verdadeira ou falsa. Por exemplo: “Kant foi um filósofo”.

  • Argumento: Um bom argumento é aquele em que as premissas realmente sustentam a conclusão. Se não sustentam, o argumento perde seu valor.

Exemplo de Argumento Fraco

  • Exemplo: "O aborto deve ser proibido porque é um assassinato."
    • A conclusão é: "O aborto deve ser proibido".
    • A premissa é: "O aborto é um assassinato".

Neste exemplo, o argumento precisa de mais explicações e justificativas para ser considerado forte. Apenas afirmar que algo é um assassinato não é suficiente para justificar a proibição.

Argumentos vs. Afirmações

  • Afirmação: Quando você diz algo sem dar razões ou justificativas.

  • Argumento: Quando você apresenta razões e convida os outros a discutir. Se alguém discorda, você deve estar preparado para revisar suas razões.

E agora?

Bem, se argumentar não é simplesmente lançar opiniões, então, no mínimo, quando você argumenta, está tentando convencer os outros usando razões bem fundamentadas. Se você apenas faz afirmações, está apenas jogando sua opinião sem apresentar justificativas. Estudar lógica ajuda você a construir bons argumentos e evitar falácias. Assim, você consegue discutir ideias de forma inteligente e persuasiva.


Ritual Filosófico: A Filosofia na Prática

A filosofia é mais do que apenas pensar; ela é sobre construir e comunicar ideias com base em boas razões. Vamos entender como um filósofo organiza suas ideias para convencer os outros.

Como é um Discurso Filosófico?

Em um discurso filosófico, você encontrará as seguintes partes:

  1. Problema/Questão: A grande dúvida ou mistério que estamos tentando entender. Exemplo: "O que é a realidade?"

  2. Questão: Uma forma mais específica de abordar o problema. Exemplo: "A realidade é só o que podemos ver?"

  3. Tese: A resposta ou ideia que você tem sobre o problema. Exemplo: "A realidade vai além do que podemos perceber."

  4. Teoria: Uma tese bem explicada e apoiada por bons argumentos. Por exemplo, a teoria de que a realidade inclui elementos que não vemos diretamente, mas que podem ser inferidos pela lógica.

  5. Argumentos: Razões que sustentam a sua tese. Eles são as evidências e explicações que tornam a sua ideia mais convincente.

  6. Contra-argumentos: Razões que podem desafiar a sua tese. Esses são os pontos que podem enfraquecer seu argumento e que você precisa entender e refutar.

  7. Refutação: Respostas que mostram por que os contra-argumentos não são suficientemente fortes para derrubar a sua tese.

  8. Conclusão: A resposta final, baseada na análise dos argumentos e contra-argumentos. É a posição que você mantém após considerar tudo o que foi discutido.

Os Tipos de Argumentos

Quando você defende uma ideia, pode usar três tipos principais de argumentos:

  1. Argumento lógico: Baseado em raciocínio e evidências claras.
  2. Argumento moral: Baseado em princípios éticos.
  3. Argumento empírico: Baseado em experiências ou observações do mundo real.

Esses tipos de argumentos ajudam a sustentar e a fortalecer a tese defendida.


Será que podemos concluir melhor agora?

Bem, estudar filosofia é uma jornada para entender melhor o mundo e a nós mesmos. Para realmente aprender filosofia, você precisa praticar o pensamento crítico e entender como construir bons argumentos. Usando lógica e clareza nas discussões, você pode explorar questões complexas de forma profunda e persuasiva.

Lógica e a Natureza da Filosofia
A Filosofia de um Jeito Simples

A filosofia é uma disciplina que nos convida a pensar profundamente sobre as questões mais fundamentais da vida. Questões como: O que é real? O que é belo? O que é certo? Ao invés de aceitar respostas prontas ou confortáveis, a filosofia nos desafia a olhar para essas questões de maneira mais cuidadosa, como se estivéssemos usando uma lupa para examinar as ideias. A filosofia não busca apenas o que nos faz sentir bem, mas a verdade, mesmo que ela seja desconfortável.
Em certo sentido, filosofia é como um esporte radical para a mente. Não se trata de experimentar a física ou fazer cálculos, mas de realizar desafios mentais. O objetivo não é ganhar prêmios, mas melhorar nossa compreensão do mundo.

Estrutura de uma Discussão Filosófica

Em filosofia, ao estudar um problema ou uma questão, você começa com:

  1. Problema/Questão: O que você quer entender. Exemplo: "O que é a realidade?"
  1. Questão: Uma maneira específica de formular o problema. Exemplo: "A realidade é apenas o que podemos ver?"
  1. Tese: A resposta ou ideia principal que você tem sobre o problema. Exemplo: "A realidade vai além do que podemos ver."
  1. Teoria: Uma explicação detalhada da tese, apoiada por argumentos sólidos.
  1. Argumentos: Razões ou evidências que justificam sua tese.
  1. Contra-argumentos: Razões que tentam refutar ou questionar sua tese.
  1. Refutação: Respostas que mostram por que os contra-argumentos não são fortes o suficiente para invalidar sua tese.
  1. Conclusão: A resposta final, baseada na análise dos argumentos e contra-argumentos.
Tudo isso ajuda a estruturar o raciocínio filosófico de maneira lógica e clara, permitindo que as ideias sejam melhor compreendidas e debatidas.

Lógica: A Arte de Analisar Argumentos

A lógica é essencial na filosofia, pois ela ajuda a analisar se os argumentos são válidos. Quando alguém diz algo, a lógica nos ajuda a ver se as razões dessa pessoa fazem sentido. Por exemplo, imagine alguém dizendo: "Se o universo existe, então o conhecimento é possível." A lógica permite verificar se essa relação entre o universo e o conhecimento está bem estabelecida e se faz sentido dentro do contexto.
A lógica também verifica a validade de um argumento. Se um argumento for válido, e se todas as suas premissas forem verdadeiras, então a conclusão também será verdadeira. Porém, mesmo que o argumento pareça lógico, se uma das premissas for falsa, a conclusão pode ser falsa também. Isso nos ensina a pensar de maneira rigorosa e crítica.

Retórica: Como Apresentar Seus Argumentos

Enquanto a lógica se preocupa em verificar a validade dos argumentos, retórica é a arte de apresentar esses argumentos de forma clara e eficaz. Uma boa retórica ajuda a explicar as ideias de maneira que sejam fáceis de entender, enquanto uma má retórica pode ser usada para enganar, apresentando argumentos de forma confusa ou manipulativa.

Filosofia Não é Sobre Enganar ou Idolatrar

A filosofia não é sobre adorar filósofos antigos ou seguir ideias sem questioná-las. Em vez disso, é sobre aprender a pensar de maneira crítica, a analisar ideias e questionar o que você acredita. A filosofia é uma ferramenta poderosa para desenvolver o pensamento crítico e, assim, entender melhor o mundo.
Se você deseja aprender a pensar com clareza, questionar o que é dado como verdade e entender mais profundamente as questões da vida, estudar filosofia é uma excelente escolha. A habilidade de pensar de forma lógica e crítica é valiosa e pode ser aplicada a diversas áreas da vida.

Conclusão

Filosofia é uma ferramenta incrível para quem quer entender o mundo e a si mesmo de maneira mais profunda. Não se trata apenas de estudar o que outros filósofos disseram, mas de aprender a pensar de forma clara, analisar argumentos e questionar as ideias estabelecidas. Se você quer se tornar um pensador mais crítico, a filosofia é o caminho.


Nem Todo Discurso é Argumentativo
Tipos de Texto

Identificando e Reconstruindo Argumentos
Identificando o Ruído

  • “Nem tudo o que os artistas fazem é belo.”
  • “Tudo o que os artistas fazem é arte.”

HORA DE PRATICAR!
A premissa oculta é uma ideia que não foi explicitada, mas está implícita no argumento. Veja os exemplos:
Premissa Oculta: "A morte é um motivo suficiente para proibir algo."
Premissa Oculta: "Coisas que não são naturais devem ser proibidas."
Premissa Oculta: "A vida só tem sentido se não acabarmos morrendo."
Premissa Oculta: "A vida só faz sentido se Deus existir."
Premissa Oculta: "Se algo é belo, então é arte."

Aqui, vamos verificar se o texto realmente apresenta um argumento ou apenas uma afirmação.
Reescrito: “O Nada não pode existir porque manifestar o que não existe é impossível.”
Reescrito: “A arte é algo que não pode ser descrito, é uma expressão do gênio e do vazio da existência.”
Reescrito: “Os seres humanos precisam do mundo exterior para existir.”
Reescrito: “Platão acreditava que a alma vive para sempre.”

Agora, vamos praticar encontrar premissas e construir argumentos:
Premissa: “A tourada é cruel e desumana.”
Argumento: “A tourada é cruel e desumana. Logo, a tourada devia ser proibida.”
Premissa: “Sem um propósito maior, a vida não tem sentido.”
Argumento: “Não há um propósito maior para a vida. Logo, a vida não faz sentido.”

Viu só!

Às vezes, lemos ou ouvimos coisas que não são argumentos, mas apenas informações ou literatura. Vamos entender as diferenças de maneira simples e clara.

  1. Informativo: O objetivo aqui é apenas informar, contar fatos ou notícias. Não há argumento envolvido, apenas dados.

    Exemplo: “A NASA vai enviar quatro astronautas para a Lua em 13 anos. A missão vai durar uma semana e será quatro vezes mais longa do que as missões Apollo.”

    Neste caso, o autor só está nos dizendo algo que está acontecendo ou vai acontecer, sem tentar nos convencer de nada.

  2. Poético/Literário: Textos literários ou poéticos usam palavras de maneira criativa para evocar imagens ou sentimentos, não para argumentar.

    Exemplo: “Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou.”

    Aqui, a intenção do autor não é argumentar, mas criar uma imagem poética, fazer o leitor sentir algo.

  3. Mistura de Funções: Alguns textos podem combinar informações com outras funções, como narrar uma história ou fazer uma crítica, sem se preocupar em apresentar argumentos.

    Exemplo: Bertrand Russell, um filósofo famoso, escrevia de maneira muito elegante, ganhando até o Prêmio Nobel da Literatura.

    Esse tipo de texto traz informações, mas não está tentando convencer você de algo através de uma argumentação lógica.

Quando você lê um texto e quer entender o argumento, siga este passo a passo simples:

  1. Encontre a Conclusão: O que o autor está tentando provar ou defender? A conclusão é a ideia principal.

    Exemplo: “Platão não era egípcio.”

  2. Encontre as Premissas: Quais razões o autor apresenta para sustentar a conclusão? Essas são as premissas.

    Exemplo: “Platão era grego.”

  3. Complete o Argumento: Se faltar alguma razão, adicione algo para conectar melhor as premissas à conclusão.

    Exemplo: “Nenhum grego é egípcio.” (Aqui você completa a ligação entre a premissa e a conclusão.)

  4. Explique o Argumento: Agora, escreva o argumento de forma clara para entender bem a lógica por trás dele.

    Exemplo: “Nenhum grego é egípcio. Platão era grego. Logo, Platão não era egípcio.”

Com isso, você consegue perceber como as ideias estão sendo ligadas e avaliar se o argumento faz sentido.

Nem tudo que você lê é parte de um argumento. Às vezes, as pessoas falam ou escrevem coisas que não são essenciais para o ponto principal, criando o que chamamos de ruído.

Exemplo:

Mário: “Este quadro é horrível. Até eu faria isso!”

Ana: “Nem toda arte precisa ser bela.”

Aqui, Mário está fazendo uma opinião sobre o quadro, e Ana está oferecendo uma resposta filosófica. A ideia principal de Ana é que "nem toda arte precisa ser bonita", e ela dá suas razões:

Então, o argumento de Ana tem uma conclusão e premissas, mas o comentário de Mário não é um argumento, ele é só uma afirmação.

1. Encontre as Premissas Ocultas

a) “A droga devia ser proibida porque provoca a morte.”

b) “A homossexualidade devia ser proibida porque não é natural.”

c) “A vida não tem sentido porque no fim acabamos todos por morrer.”

d) “Se Deus não existisse, a vida não faria sentido. Portanto, Deus existe.”

e) “Se a música é bela, é arte. Logo, é arte.”

2. Determine se os Textos São Argumentos e Reescreva-os

a) “O Nada não pode existir. O Nada é a manifestação do que não existe, e o que não existe não pode manifestar-se.”

b) “A arte é indizível. É um salto no vazio da existência pura. Um arremedo do gênio que se faz coisa.”

c) “Se o mundo exterior à percepção não existisse, onde existiriam os seres humanos?”

d) “Já Platão dizia que a alma é imortal.”

3. Encontre Premissas e Escreva Argumentos

a) “A tourada devia ser proibida.”

b) “A vida não faz sentido.”

Agora que você aprendeu como identificar, reconstruir e analisar argumentos, pode aplicar esse conhecimento para entender melhor os textos que lê e ouvir de maneira mais crítica. Lembre-se de que a filosofia não é apenas sobre aprender ideias, mas também sobre pensar claramente e avaliar o que nos é apresentado.

Proposições e frases

Frases e Proposições: Entendendo a Diferença

Vamos simplificar o conceito de frases e proposições para facilitar a compreensão.

O que é uma Frase?

Uma frase é um grupo de palavras que usamos para expressar algo. Pode ser uma afirmação, uma pergunta, uma ordem, um desejo, ou qualquer outro tipo de comunicação. Veja alguns exemplos:

  • Afirmação: “Está a chover.”
  • Pergunta: “Emprestas-me o teu carro?”
  • Ordem: “Fecha a porta!”

O que é uma Proposição?

Uma proposição é o pensamento verdadeiro ou falso que uma frase declarativa expressa. Nem todas as frases são proposições. Apenas as frases que podem ser verdadeiras ou falsas são proposições.

Exemplo:

  • Frase: “A capital de Portugal é Lisboa.”
  • Proposição: Esta frase expressa o pensamento de que a capital de Portugal é Lisboa, e esse pensamento pode ser verdadeiro ou falso.

Diferença Entre Frase e Proposição

  • Frase: A forma em que você expressa um pensamento.
  • Proposição: O conteúdo do pensamento que pode ser verdadeiro ou falso.

Exemplo:

  • Frase: “O banco é bonito.”
  • Proposição: Pode ser sobre um banco (mobiliário) ou sobre um banco (instituição financeira). O que importa é que a frase expressa um pensamento que pode ser verdadeiro ou falso.

Tipos de Frases e Proposições

  • Frases Declarativas: Exprimem proposições.

    • Exemplo: “A neve é branca.” (Pode ser verdadeira ou falsa.)
  • Frases Interrogativas: Perguntam algo e não expressam proposições.

    • Exemplo: “Será que Deus existe?” (Não é verdadeira ou falsa, é uma pergunta.)
  • Frases Exclamativas: Expressam emoções e não proposições.

    • Exemplo: “Quem me dera ser imortal!” (Não é uma proposição, é um desejo.)
  • Frases Imperativas: Dão ordens e não expressam proposições.

    • Exemplo: “Fecha a porta!” (É uma ordem, não uma proposição.)

Revisão

  1. Diferença entre Frase e Proposição:

    • Frase: Um grupo de palavras que expressa algo.
    • Proposição: O pensamento verdadeiro ou falso expresso por uma frase.
    • Exemplo: “O sol é quente.” (Frase que expressa uma proposição que pode ser verdadeira ou falsa.)
  2. Exemplos de Frases que Exprimem Proposições:

    • “O céu é azul.”
    • “A água ferve a 100°C.”
  3. Exemplos de Frases que Não Exprimem Proposições:

    • “Fecha a porta!” (É uma ordem, não uma proposição.)
    • “Quão maravilhoso seria!” (É uma exclamativa, não expressa um pensamento verdadeiro ou falso.)
  4. Valor de Verdade de uma Frase:

    • É se a frase pode ser verdadeira ou falsa.
    • Exemplo: “A Terra é redonda.” (Pode ser verdadeira ou falsa.)
  5. Significado de Frase Absurda:

    • Uma frase absurda é aquela que não tem valor de verdade porque é sem sentido ou evidentemente falsa.
    • Exemplo: “O nada só gosta de pipocas às segundas-feiras.” (É absurda porque não faz sentido.)
  6. Valores de Verdade das Proposições:

    a) “Uma frase necessariamente falsa é absurda.”

    • Resposta: Não. Uma frase pode ser falsa sem ser absurda.

    b) “Se uma frase for falsa, exprime uma proposição.”

    • Resposta: Sim. Mesmo que uma frase seja falsa, ela ainda pode expressar uma proposição.

    c) “Uma frase que não exprime qualquer proposição não quer dizer coisa alguma.”

    • Resposta: Sim. Se não exprime uma proposição, não tem valor de verdade.

    d) “Há frases absurdas verdadeiras.”

    • Resposta: Não. Frases absurdas não têm valor de verdade.

    e) “Uma proposição não pode ter palavras.”

    • Resposta: Não. Proposições são expressas através de palavras em frases.
  7. Importância de Saber o que é uma Proposição:

    • Saber o que é uma proposição ajuda a entender se um pensamento pode ser avaliado como verdadeiro ou falso. Isso é essencial para a lógica e a argumentação, pois queremos saber se as ideias discutidas são válidas e se fazem sentido.

Agora você tem uma visão clara de como as frases e proposições funcionam e como diferenciá-las!

Concreto e abstrato

Concreto e Abstrato: Compreendendo a Distinção

Para entender melhor o que são entidades concretas e abstratas, vamos revisar as diferenças e aplicar a conceitos de frases e proposições.

Distinção Entre Concreto e Abstrato

Entidades Concretas:

  • Definição: São coisas que têm uma existência física e que podemos perceber pelos sentidos.
  • Exemplos:
    • Árvores: Podemos vê-las, tocá-las, e elas ocupam espaço.
    • Lápis: Tem uma forma física e está localizado em um determinado espaço e tempo.

Entidades Abstratas:

  • Definição: São conceitos ou ideias que não têm uma existência física e não ocupam espaço ou tempo.
  • Exemplos:
    • Números: Como o número cinco, que não tem um lugar físico, mas é um conceito.
    • Propriedades: Como a “brancura”, que é um conceito sem forma física.

Aplicação ao Conceito de Frases e Proposições

  1. Uma Frase é uma Entidade Abstrata ou Concreta?

    • Resposta: Concreta.
    • Justificação: Frases são compostas por palavras que podem ser lidas e escritas, e essas palavras têm uma forma física. A frase “Canoas é uma cidade vizinha a Porto Alegre” é uma sequência concreta de palavras que ocupa espaço no papel ou na tela.
  2. Uma Proposição é uma Entidade Abstrata ou Concreta?

    • Resposta: Abstrata.
    • Justificação: Proposições são pensamentos ou ideias que não têm uma forma física e não ocupam espaço ou tempo. A proposição expressa pela frase “Canoas é uma cidade vizinha a Porto Alegre” é um pensamento que pode ser verdadeiro ou falso, mas não é algo físico.
  3. Pode uma Frase Ser uma Proposição?

    • Resposta: Não, mas uma frase pode expressar uma proposição.
    • Justificação: Uma frase em si é concreta, mas o pensamento ou a ideia que ela expressa é abstrato. Portanto, uma frase não é uma proposição, mas sim um meio de comunicar proposições.

Revisão

  1. Explique a Distinção Entre Concreto e Abstrato, Recorrendo a Exemplos:

    • Concreto: Coisas que podemos perceber fisicamente, como um livro ou uma árvore.
    • Abstrato: Conceitos ou ideias que não têm forma física, como a justiça ou o número cinco.
  2. Uma Frase é uma Entidade Abstrata ou Concreta? Porquê?:

    • Resposta: Concreta. Uma frase é uma sequência de palavras que pode ser lida e escrita, ocupando espaço físico.
  3. Uma Proposição é uma Entidade Abstrata ou Concreta? Porquê?:

    • Resposta: Abstrata. Uma proposição é um pensamento ou ideia que não tem uma existência física e não ocupa espaço ou tempo.
  4. Pode uma Frase Ser uma Proposição? Porquê?:

    • Resposta: Não. Uma frase é um meio de expressar uma proposição, que é um conceito abstrato. Frases são concretas, mas as proposições que elas expressam são abstratas. 

Teorias e proposições

Avaliação das Teorias Filosóficas

1. O que é a Consistência? E a Inconsistência? Explique e Dê Exemplos.

  • Consistência: Um conjunto de proposições é consistente se todas as proposições podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.
    • Exemplo: “Deus existe”, “A vida sem Deus não tem sentido”, “A única religião verdadeira é a islâmica”, e “Os cristãos estão enganados” são consistentes se as proposições podem ser verdadeiras simultaneamente sem se contradizerem.
  • Inconsistência: Um conjunto de proposições é inconsistente se não é possível que todas as proposições sejam verdadeiras ao mesmo tempo.
    • Exemplo: “Deus existe” e “Deus não existe” são inconsistentes porque não podem ser verdadeiros simultaneamente.

2. O que é a Implicação? Explique e Dê Exemplos.

  • Implicação: Uma proposição implica outra quando é impossível a primeira ser verdadeira e a segunda falsa.
    • Exemplo: “A única religião verdadeira é a islâmica” implica “Os cristãos estão enganados” porque, se a única religião verdadeira é a islâmica, então os cristãos, que seguem outra religião, estão enganados.

3. Explique Quais São as Duas Razões Pelas Quais uma Teoria Coerente Pode Ser Falsa.

  • Coerência Interna: Uma teoria pode ser coerente, mas ainda assim ser falsa se implicar proposições que são conhecidas como falsas. Uma teoria pode ser bem estruturada internamente, mas ainda estar errada em relação à realidade.
  • Conflito com Outras Verdades: Uma teoria pode ser consistente internamente, mas entrar em conflito com outras verdades estabelecidas. Se uma teoria entra em conflito com conhecimentos bem estabelecidos, pode ser que a teoria esteja errada, mesmo sendo interna e logicamente coerente.

Validade dos Argumentos

1. O que é um Argumento Válido? Dê um Exemplo.

  • Argumento Válido: Um argumento é válido se a conclusão deve ser verdadeira sempre que as premissas forem verdadeiras. Em outras palavras, é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.
    • Exemplo:
      • Premissa 1: Se a vida é sagrada, o aborto é imoral.
      • Premissa 2: A vida é sagrada.
      • Conclusão: Logo, o aborto é imoral.

2. As Proposições Expressas Pelas Frases Seguintes São Verdadeiras ou Falsas? Justifique a Sua Resposta.

  • a) Nenhum argumento válido tem uma conclusão falsa.
    • Falso. Um argumento válido pode ter uma conclusão falsa se pelo menos uma das premissas for falsa.
  • b) Alguns argumentos válidos têm premissas falsas.
    • Verdadeiro. A validade não depende da verdade das premissas, mas da relação lógica entre as premissas e a conclusão.
  • c) Todos os argumentos com premissas falsas têm conclusão falsa.
    • Falso. Argumentos válidos podem ter conclusões falsas mesmo com premissas falsas.
  • d) Todos os argumentos válidos com premissas falsas têm conclusões falsas.
    • Falso. Um argumento válido pode ter premissas falsas e ainda assim a conclusão ser verdadeira.
  • e) Todos os argumentos com premissas e conclusão verdadeiras são válidos.
    • Falso. A validade depende da relação lógica entre premissas e conclusão, não apenas da verdade delas.
  • f) A validade é uma questão de coerência.
    • Falso. A validade é sobre a relação lógica entre premissas e conclusão, enquanto a coerência refere-se à consistência interna das proposições.

3. Há Alguma Circunstância em que se Possa Recusar a Conclusão de um Argumento Válido? Se Sim, Qual? Porquê?

  • Sim, se as premissas forem falsas. Em um argumento válido, se as premissas forem falsas, a conclusão não pode ser aceita como verdadeira, embora a relação lógica entre as premissas e a conclusão seja válida.

4. Poderá um Argumento Ser Verdadeiro? Justifique.

  • Não, apenas as proposições podem ser verdadeiras ou falsas. Argumentos são avaliados quanto à validade (como a conclusão segue logicamente das premissas) e solidez (se as premissas são verdadeiras e a validade é garantida).

5. Poderá uma Proposição Ser Válida? Justifique.

  • Não, apenas argumentos podem ser válidos. Proposições são avaliadas quanto à sua veracidade, não à validade.

Argumentos Sólidos

1. O que é um Argumento Sólido? Dê um Exemplo.

  • Argumento Sólido: Um argumento é sólido se for válido e suas premissas forem verdadeiras.
    • Exemplo:
      • Premissa 1: Todos os mamíferos têm coração.
      • Premissa 2: Os cães são mamíferos.
      • Conclusão: Logo, os cães têm coração.

2. As Proposições Expressas Pelas Frases Seguintes São Verdadeiras ou Falsas? Justifique a Sua Resposta.

  • a) Alguns argumentos sólidos têm conclusões falsas.
    • Falso. Argumentos sólidos, por definição, têm conclusões verdadeiras porque são válidos e suas premissas são verdadeiras.
  • b) Nenhum argumento sólido é inválido.
    • Verdadeiro. Argumentos sólidos são, por definição, válidos.
  • c) Todos os argumentos válidos são sólidos.
    • Falso. Apenas os argumentos válidos com premissas verdadeiras são sólidos. Argumentos válidos podem não ser sólidos se tiverem premissas falsas.

3. Concordar com uma Proposição é Considerar que é Verdadeira e Discordar é Considerar que é Falsa. Será Que Podemos Discordar da Conclusão de um Argumento Válido e Concordar com as Premissas? Porquê?

  • Não, em um argumento válido, se você concorda com as premissas, você deve concordar com a conclusão. Se discordar da conclusão, é provável que haja um problema com as premissas ou com a validade do argumento.

4. Há Alguma Circunstância em que se Possa Recusar a Conclusão de um Argumento Sólido? Se Sim, Qual? Porquê?

  • Não, se o argumento é sólido (válido e com premissas verdadeiras), a conclusão deve ser aceita como verdadeira.

5. Considere de Novo o Argumento da Ana:

  • Premissa 1: Nem tudo o que os artistas fazem é belo.
  • Premissa 2: Tudo o que os artistas fazem é arte.
  • Conclusão: Logo, nem toda a arte é bela.

Será Este Argumento Sólido? Justifique.

  • Resposta: Sim, o argumento é sólido se as premissas forem verdadeiras. Se aceitarmos que nem tudo que os artistas fazem é belo e que tudo o que os artistas fazem é arte, então a conclusão de que nem toda a arte é bela segue logicamente das premissas.

    Argumentos cogentes (coercitivos para o intelecto)

Argumentos e Como Julgar se São Bons

O que é um argumento sólido?

Um argumento sólido é como uma promessa que alguém faz: se for verdadeiro, então é sólido. Aqui vai um exemplo básico:

  1. Platão e Aristóteles eram gregos.
  2. Logo, Platão era grego.

Isso é sólido porque a primeira ideia é verdadeira e a segunda é uma conclusão lógica. Mas isso não quer dizer que o argumento é bom. Às vezes, a promessa é sólida, mas não é convincente.

Exemplos de argumentos sólidos:

  1. "Todos os gatos são animais. Garfield é um gato. Portanto, Garfield é um animal." – Isso é sólido porque tudo está correto e faz sentido.
  2. "Todos os carros têm rodas. O meu carro tem rodas. Logo, é um carro." – Também sólido, porque a conclusão faz sentido com as premissas.

O que é um argumento cogente?

Um argumento cogente é como uma prova sólida que faz você acreditar na conclusão. Para ser cogente, o argumento não só precisa ser sólido, mas também as premissas devem ser mais plausíveis do que a conclusão. É como se a prova fosse tão forte que você não consegue negar.

Exemplos de argumentos cogentes:

  1. "Os bebês têm direitos. Se só quem tem deveres pode ter direitos, então os bebês não teriam direitos. Mas sabemos que os bebês têm direitos. Logo, a ideia de que só quem tem deveres tem direitos está errada." – Este é cogente porque as premissas são verdadeiras e convincentes.

  2. "Se eu vejo chuva, então está chovendo. Eu vejo chuva. Portanto, está chovendo." – Cogente, porque é óbvio que se você vê chuva, então é lógico que está chovendo.

Verdade vs. Plausibilidade:

  • Verdade é o que realmente é certo ou errado, sem discussão.
  • Plausibilidade é o que parece certo ou errado com base no que você já conhece.

Exemplo de verdade vs. plausibilidade:

  1. "A Terra tem uma lua." – Isso é verdade.
  2. "Se a Terra tem uma lua, então ela tem três luas." – Isso é falso, mesmo que pareça verdadeiro para alguém que não sabe.

Perguntas para Pensar:

  1. Se alguém faz um argumento sólido, mas as premissas são falsas, o argumento é cogente?
    Não, porque mesmo que o argumento faça sentido, se as premissas são falsas, o argumento não vai ser convincente.

  2. Os seguintes argumentos são cogentes?

    a) "A Terra tem três luas e Marte é uma estrela. Logo, a Terra tem três luas." – Não, porque a premissa é falsa e o argumento não faz sentido.

    b) "Se objetos mais pesados não caem mais depressa, um quilo de chumbo não cairia mais depressa do que um quilo de algodão. Mas um quilo de chumbo cai mais depressa. Logo, os objetos mais pesados caem mais depressa." – Cogente, porque as premissas fazem sentido e a conclusão também.

    c) "A Terra tem uma lua e Marte é um planeta. Logo, a Terra tem uma lua. A relva é verde ou o universo não existe. Logo, a água é H2O." – Não, porque a conclusão não faz sentido.

  3. Sobre os seguintes argumentos:

    a) "Se houvesse vida após a morte, a vida teria sentido. Como a vida tem sentido, deve haver vida após a morte." – Não é cogente porque não faz sentido na vida real.

    b) "Se Platão é ateniense, então é grego. Como não é grego, não é ateniense." – Não é cogente porque a conclusão não faz sentido.

    c) "Se o criminoso passou por aqui, ele deixou pegadas. Como não há pegadas, ele não passou por aqui." – Cogente, porque faz sentido e as premissas são plausíveis.

    d) "A vida faz sentido. Se a vida faz sentido, Deus existe. Logo, Deus existe." – Não é cogente porque a conclusão não é mais plausível do que as premissas.


A ideia aqui é que, para um argumento ser realmente bom, ele não só precisa ser verdadeiro e lógico, mas também fazer sentido e ser convincente. Se não for, pode ser sólido, mas não é necessariamente bom ou persuasivo.

 

Falácias

 

Como Avaliar Argumentos e Não Cair em Falácias

Perguntas para Avaliar Argumentos:

  1. É impossível ou improvável que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa?

  2. Todas as premissas são verdadeiras?

  3. As premissas são mais plausíveis do que a conclusão?

Se um argumento falhar em qualquer uma dessas perguntas, é uma falácia.

Falácia: O que é?

Uma falácia é um argumento que parece ser bom, mas não é. Pode parecer válido, ter premissas que parecem verdadeiras ou parecer ter premissas mais aceitáveis do que a conclusão, mas, na verdade, está enganando você.

Exemplos de Falácias:

  1. "Todos os eventos têm uma causa. Logo, há uma causa para todos os eventos."
    Isso é uma falácia porque parece válido, mas não é. É como dizer: "Todas as pessoas têm um nariz. Logo, há um nariz para todas as pessoas." É o mesmo erro, chamado de "inversão dos quantificadores."

  2. "Ou você me ajuda, ou você me atrapalha. Você não me ajuda. Logo, você me atrapalha."
    Isso é uma falácia chamada "falácia do falso dilema". Parece válido, mas não cobre todas as opções. A vida não é só preto e branco.

  3. "Tudo o que as religiões dizem é mentira. Elas dizem que Deus existe. Logo, Deus não existe."
    É um argumento válido, mas falacioso. A premissa pode não ser mais plausível do que a conclusão. Algumas pessoas acreditam em Deus, e a religião não fala por si só, mas por seus seguidores.

Persuasão vs. Manipulação:

  • Persuadir alguém é mostrar razões para que a pessoa mude de ideia ou faça algo diferente de forma honesta e clara.

  • Manipular alguém é tentar fazer a pessoa aceitar algo sem pensar direito, enganando ou influenciando de maneira desonesta.

Exemplo de Manipulação:

  • "Não vá com esses idiotas que acham que devemos ser vegetarianos para evitar sofrimento animal. Com tantos problemas no mundo, precisamos focar em coisas mais importantes."
    Isso é manipulação porque desvia a atenção do verdadeiro problema e tenta fazer você aceitar uma ideia sem pensar.

Publicidade e Falácias:

  • "Beber esta cerveja vai te fazer atraente, jovem e popular, porque quem bebe é assim."
    Isso é uma falácia. Beber cerveja não te transforma em uma pessoa incrível. A publicidade é eficaz porque nunca revela claramente esse truque.

Perguntas a Fazer ao Tentar Persuadir:

  1. O que exatamente a pessoa está tentando que eu aceite ou faça?

  2. Qual é o argumento, mesmo que seja só uma sugestão?

Liberdade e Argumentação:

A liberdade de expressão é crucial para o debate e a descoberta da verdade. Sem discussão aberta, ideias falsas não podem ser corrigidas e a democracia pode ser ameaçada.

Revisão:

  1. Se Fortunata usa uma arma para forçar Asdrúbal a lhe dar a carteira, ela o persuadiu?
    Não, ela não o persuadiu. Ela o forçou. Isso é manipulação, não persuasão racional.

  2. Qual a diferença entre persuasão racional e manipulação?
    Persuasão racional é quando você usa argumentos lógicos e claros para convencer alguém. Manipulação é quando você usa truques, enganos ou pressões para fazer alguém aceitar algo sem pensar direito.


Assim, a ideia é saber reconhecer as falácias e distinguir entre argumentação verdadeira e manipulação para tomar decisões mais informadas e evitar enganos. 


Validade dedutiva e não dedutiva

 

A Diferença Entre Argumentos Dedutivos e Não Dedutivos

Primeiro, vamos descomplicar:

  • Argumento Dedutivo: É o tipo de argumento onde, se as premissas são verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa. É como um truque de mágica: se você seguir os passos certos, o resultado é garantido. Se não pode haver premissas verdadeiras e uma conclusão falsa, o argumento é dedutivamente válido.

  • Argumento Não Dedutivo: Aqui é mais um jogo de probabilidades. As premissas podem ser verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. É como tentar adivinhar o futuro: é improvável que você esteja errado, mas não é impossível.

Exemplo Prático:

  • Argumento Dedutivo:
    • Se os alunos estão na praia, eles teriam levado toalha.
    • Os alunos não levaram toalha.
    • Logo, eles não estão na praia.

Aqui, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa. Se os alunos não levaram toalha, então, não estão na praia. Mas, se você estiver na praia e não levou toalha, pelo menos uma premissa é falsa.

  • Argumento Não Dedutivo:
    • Todos os corvos que vimos são pretos.
    • Logo, todos os corvos são pretos.

Aqui, é improvável que todos os corvos sejam de outra cor, mas não é impossível. Portanto, esse argumento é válido, mas não dedutivamente válido.

Validade e Verdade:

  • Validade Dedutiva: Se as premissas são verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa. A validade não garante que as premissas ou conclusão sejam verdadeiras, só que, se forem verdadeiras, a conclusão também será.

Exemplo de Argumento Dedutivo Válido:

  • Márcio é um alienígena, e Pelé é jogador de Israel.
    • Logo, Márcio é alienígena e Pelé é jogador de Israel.

Aqui, tanto a premissa quanto a conclusão são falsas, mas o argumento é dedutivamente válido porque, se as premissas fossem verdadeiras, a conclusão também teria que ser verdadeira.

Exemplo de Argumento Inválido:

  • Eça de Queirós era português.
    • Logo, a relva é verde.

Mesmo que Eça de Queirós fosse português e a relva fosse verde, a conclusão não tem a ver com a premissa. A verdade das premissas não garante a verdade da conclusão aqui.

Revisão:

  1. O que é validade dedutiva?

    • A validade dedutiva é quando, se as premissas são verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa. Exemplo: "Se a chuva cai, a rua fica molhada. A rua está molhada. Logo, a chuva caiu."
  2. Assinale o valor de verdade das afirmações:

    • a) Não é verdade. Um argumento dedutivo pode ter uma conclusão falsa.
    • b) Verdade. Num argumento dedutivo válido, a conclusão não pode ser falsa se as premissas forem verdadeiras.
    • c) Verdade. Se as premissas de um argumento dedutivo válido são verdadeiras, a conclusão também deve ser verdadeira.
    • d) Falso. A validade dedutiva está diretamente relacionada à verdade das premissas e da conclusão.
    • e) Falso. Premissas falsas podem ocorrer em um argumento válido.
    • f) Falso. Nem todos os argumentos com conclusão verdadeira são válidos.
  3. Por que não basta ter premissas e conclusão verdadeiras para ser válido?

    • Porque um argumento pode ter premissas e conclusão verdadeiras, mas se as premissas não garantirem a conclusão, o argumento não é válido. O que importa é a relação entre as premissas e a conclusão, não apenas a verdade delas.

Atividades:

  1. O que é um argumento? Um argumento é um conjunto de declarações onde uma (a conclusão) é suportada pelas outras (as premissas). Exemplo: "Se você estuda, você passa no exame. Você estudou. Logo, você passará no exame."

  2. O que é uma premissa? É uma declaração que serve de base para a conclusão. Exemplo: "Se chove, a rua fica molhada."

  3. O que é uma conclusão? É a ideia que você quer provar usando as premissas. Exemplo: "A rua está molhada."

  4. O que distingue um argumento de um raciocínio? Um argumento é uma série de declarações que levam a uma conclusão, enquanto raciocínio é o processo mental de chegar a essa conclusão.

  5. Diferença entre afirmar e argumentar: Afirmar é simplesmente dizer algo, enquanto argumentar é usar razões para convencer alguém sobre uma afirmação.

  6. Definição de argumento: Um argumento é um conjunto de proposições onde a conclusão é suportada pelas premissas.

  7. Qualquer conjunto de proposições é um argumento? Não, apenas conjuntos onde uma proposição é suportada por outras.

  8. Identifique as premissas e conclusões:

    • a) Premissa: "Aborto é assassínio." Conclusão: "Não podemos permitir o aborto."
    • b) Premissa: "Artistas fazem o que quiserem." Conclusão: "É impossível definir a arte."
    • c) Premissa: "Sem Deus, tudo é permitido." Conclusão: "Deus é necessário para moral."
    • d) Premissa: "Sócrates não é imortal." Conclusão: "Sócrates não é um deus."
  9. Apresente quatro argumentos curtos:

    • "Se você come muito doce, vai ficar doente. Você comeu muito doce. Logo, você vai ficar doente."
    • "Se o sol brilha, está dia. O sol está brilhando. Logo, é dia."
    • "Todos os pássaros voam. Um papagaio é um pássaro. Logo, um papagaio voa."
    • "Se é inverno, está frio. Está frio. Logo, é inverno."
  10. As frases são um argumento?

    • Não, porque não mostram uma conclusão baseada em premissas. São apenas afirmações isoladas.
  11. As proposições são verdadeiras ou falsas?

    • a) Verdadeiro. Todos os argumentos têm conclusão.
    • b) Falso. Argumentos sempre têm premissas.
    • c) Falso. Argumentos podem ter uma ou mais premissas.
    • d) Verdadeiro. Argumentos normalmente têm apenas uma conclusão.
    • e) Falso. Pode-se discutir ideias sem um argumento formal.






 

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