METAFÍSICA

Metafísica: E Se Tudo Que Você Acha Estiver Errado?

     Metafísica parece um daqueles papos abstratos que só servem pra complicar a vida. Mas, na real, ela está em tudo que a gente pensa sem nem perceber. Quando você diz “isso existe”, você já está metido num problema metafísico. Porque, afinal, o que significa existir?

     A gente cresce achando que algumas coisas são óbvias. O tempo passa. Eu sou eu. O mundo existe do jeito que eu vejo. Mas e se todas essas certezas forem falsas?


O que significa existir?

     Se eu te perguntar se um carro existe, você vai dizer que sim. Mas e um número? O número 3 existe ou é só um jeito de contar? E o amor?

     Platão, lá na Grécia Antiga (século IV a.C.), achava que as coisas que vemos são só cópias imperfeitas de ideias perfeitas que vivem num outro mundo. Parece bonito, mas e se for o contrário? E se as ideias forem só coisas que nossa mente inventou pra tentar entender a bagunça da realidade?

     Aristóteles, seu aluno, achava que Platão estava viajando. Para ele, só existe o que está aqui e agora. Mas se tudo está aqui e agora, onde estão coisas como o passado e o futuro?

     A gente supõe que a realidade é o que os nossos sentidos mostram. Mas e se estivermos presos numa ilusão? Descartes (século XVII) levantou essa dúvida: e se um gênio maligno estivesse enganando nossos sentidos o tempo todo? Hoje, trocaríamos o gênio por um supercomputador: e se estivermos numa simulação?

     Você pode rir e dizer: “Mas eu sinto que tudo isso é real.” Bom, e se esse sentimento também for parte da ilusão?


O tempo realmente passa?

     Todo mundo acha que o tempo passa. Você nasce, cresce, envelhece. Mas o que isso realmente significa?

         Um filósofo chamado McTaggart (1908) mostrou que falar do tempo como algo real cria contradições. Se o futuro vira presente e depois vira passado, então tudo muda de estado o tempo todo. Mas como algo pode ser futuro antes de ser presente e depois ser passado? O futuro não deveria ser sempre futuro? Se ele pode virar presente, então ele não era futuro de verdade.

           Einstein complicou ainda mais as coisas. Em 1905, ele mostrou que o tempo depende da velocidade e da gravidade. Ou seja, não existe um “agora” universal. O tempo para você pode ser diferente do tempo para outra pessoa em outro lugar. Se o tempo é relativo, então ele é real ou só uma construção da nossa mente?

           A gente assume que o passado existiu e o futuro ainda não, mas será que isso faz sentido? Algumas teorias dizem que o passado, presente e futuro já estão lá, como páginas de um livro. Você só está lendo uma por vez. Se for assim, a sensação de tempo passando seria só um truque da consciência. E aí? O tempo passa ou a gente só acha que ele passa?


Eu sou o mesmo de ontem?

     Você acorda de manhã e pensa: “Ainda sou eu.” Mas quem garante? Heráclito (século VI a.C.) dizia que tudo está em fluxo, nada permanece. Se isso for verdade, então você nunca é o mesmo. Mas aí surge o problema: se você muda o tempo todo, o que faz de você “você”? Parmênides (século V a.C.) foi pro outro lado: nada muda. A mudança é só ilusão. Mas se for assim, como explicamos o crescimento, o envelhecimento, o esquecimento? Aí vem a história do Barco de Teseu. Se você troca todas as partes de um barco, ele ainda é o mesmo barco? E se você pegar as peças velhas e remontar outro barco, qual deles é o original? Agora pense em você. Suas células morrem e se renovam. Suas lembranças mudam. Você aprendeu coisas novas. Então, se quase tudo em você mudou, o que faz de você a mesma pessoa? John Locke (século XVII) dizia que a identidade vem da memória. Se você lembra de ser você, então você é você. Mas se a memória pode falhar, então quem somos nós? Se eu perco todas as minhas memórias, eu deixo de ser eu? A gente gosta de pensar que tem uma identidade fixa, mas e se isso for só uma ilusão confortável?


As respostas erradas são mais fáceis que as certas

     A gente cresce cheio de certezas. O mundo existe. O tempo passa. Eu sou eu. Mas quanto mais você pensa, mais percebe que pode estar errado. O problema da metafísica é esse: a maioria das respostas que damos de cara são simplificações que não resistem a um segundo olhar. O mundo pode ser completamente diferente do que imaginamos. Mas será que algum dia vamos descobrir? Ou será que pensar sobre isso já é a resposta?

OBS: A metafísica é aquela parte da filosofia que tenta entender as perguntas que ninguém consegue responder direito. Tipo, "O que realmente existe?" e "Como o universo funciona?". Isso começou lá na Grécia Antiga, por volta de 400 a.C., com filósofos como Aristóteles, que queria saber o que estava por trás de tudo o que a gente vê. Ele escreveu uma coisa chamada Metafísica, tentando entender o básico de tudo isso. Com o tempo, a metafísica se dividiu em várias áreas, e uma delas é a ontologia, que tenta entender o que significa algo realmente “existir”. Não é só sobre estar lá, mas o que faz algo ser o que é. A metafísica é mais sobre a visão geral, enquanto a ontologia vai fundo no que significa ser parte de tudo isso. Durante a Idade Média, entre 400 e 1500 d.C., caras como Tomás de Aquino misturaram filosofia com religião, tentando ver o que dava. Depois, nos séculos XVII e XVIII, com o Renascimento e a Revolução Científica, filósofos como René Descartes e Immanuel Kant começaram a questionar se esse papo todo de metafísica realmente tinha algum valor, já que não dá para provar nada com certeza. Hoje, a metafísica ainda está por aí, fazendo a gente pensar no que é real e no que não é. Ela afeta até as ciências, a física e até a tecnologia. Ela nos faz pensar sobre o tempo, o espaço e o que tudo isso significa, sempre nos lembrando de que tem coisas que nunca vamos entender totalmente. Mesmo assim, a metafísica continua sendo importante para questionar a realidade e tudo o que a gente pensa saber sobre ela.

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